quarta-feira, 11 de agosto de 2010

A Máquina



Como sou grande apreciadora do cinema nacional e tenho visto que cada vez mais os brasileiros podem se orgulhar de suas produções não só em qualidade técnica, mas, principalmente, em seus roteiros e atores, decidi falar sobre um filme que tem muito forte esses aspectos: a Máquina.
Assisti a máquina em 2007, por pura sorte, pois só ficou uma semana em cartaz. Uma amiga me passou o filme recetemente, mas ficou esquecido no meu computador, até que essa semana, numa tarde tediosa, resolvi revê-lo. Que bom que o fiz, pois alegrou não só minha tarde, como todo o resto do dia.
Baseado no livro de Adriana Falcão e em peça do próprio diretor, João Falcão, conta a história de Antônio (Gustavo Falcão e Paulo Autran) que se considerava o filho do tempo e nasceu em Nordestina, uma pequena cidade de Pernambuco que, segundo ele mesmo, não conseguia dar conta de sua única finalidade: ser o lugar onde seus habitantes habitavam.
A história é contada por Paulo Autran para alguns internos de um hospital psiquiátrico. Ele começa pelo nascimento de Antônio e pelo porquê dele ser o filho do tempo.
Autran segue narrando a história contando que Antônio é apaixonado por Karina (Mariana Ximenes) porém, quando finalmente consegue ser correspondido, descobre que seu grande amor quer partir de Nordestina e ir para o mundo. Para evitar que ela vá embora, Antônio parte de Nordestina prometendo trazer o mundo para Karina.
Chegando numa cidade grande, Antônio reencontra um dos seus irmãos, conhece o mar e vai a televisão.
Num programa de auditório, promete ao público que vai viajar no tempo e que, caso não cumpra sua promessa, irá morrer atropelado por uma máquina munida de 700 lâminas giratórias. Com essa declaração, o programa bate os recordes de audiência e Antônio volta a Nordestina para cumprí-la.
No dia esperado, a cidade é invadida pela imprensa e pelas pessoas que haviam partido de Nordestina. Antônio prepara a máquina que vai avançar contra ele e Karina implora que ele desista da ideia. Mas ele se mantém firme.
Na praça da cidade, a máquina avança contra Antônio, que viaja 50 anos no tempo e escapa da morte.
Mas quando volta, dá o azar de voltar exatamente no instante em que partiu. Questionado pelos jornalistas sobre sua promessa, conta que viajou no tempo, mas, como não tem provas, é internado como louco e separado de sua Karina.
O Antônio 50 anos mais velho conta aos seus companheiros de internação que descobriu como mudar seu passado: precisa entregar uma prova irrefutável ao Antônio jovem de que viajou ao futuro. Com a ajuda dos loucos, ele consegue fugir do hospital e ir ao encontro do seu eu passado. Quando se encontram, o futuro entrega ao passado uma mala que contém a prova de sua viagem no tempo.
Antônio então volta ao passado, foge da máquina assassina, e quando questionado sobre sua promessa, abre a mala e encontra um bilhete que lhe antecipa alguns fatos, fazendo com que todos acreditassem que ele esteve no futuro e possibilitando a Antônio viver feliz para sempre com sua Karina. Antônio Trouxe o mundo a Karina e Nordestina passa a constar no mapa.
O filme é belíssimo. Por ser uma adaptação de uma peça, é muito teatral, mas de uma forma que prende o espectador. O texto é brilhante, com divagações sobre o amor, sobre o mundo, sobre a terra da gente e especialmente sobre o tempo.
O tempo é um dos protagonistas do filme. Está em todas as cenas, em todas as ações das personagens e tem uma ligação tão íntima com Antônio que torna-se mais uma personagem da trama.
Os atores estão ótimos, mesmo com aquele sotaque nordestino que muitos acusam de falso, mas que, na verdade, é o sotaque do teatro, que exagera para caracterizar a essência das personagens. E funciona. Gustavo Falcão passa toda a emoção de Antônio no olhar e suas palavras soam verdadeiras. Paulo Autran foi o maior ator brasileiro de todos os tempos, e está fantástico entre louco e são, entre contador de histórias e personagem, entre passado e futuro. Mariana Ximenes é inquestionavelmente linda e talentosa, e não é difícil de acreditar que alguém quisesse trazer o mundo pra ela. Além das participações especiais, como Wagner Moura, Lázaro Ramos, Vladimir Brichta e Zéu Brito, que conseguem brilhar mesmo com personagens menores.
Outra característica marcante do filme é a trilha sonora de Robertinho do Recife e Chico Buarque de Holanda (que compôs a até então inédita "porque era ela, porque era eu"), e se encaixa em cada momento tão sutilmente e perfeitamente que emociona em algumas cenas. Além da musicalidade das personagens, destaque para a cena em que a mãe de Karina consola a filha cantando uma cantiga de ninar.
O filme tem uma maneira muito peculiar de contar sua história, e ganha pontos por fazer disso uma coisa tão simples que o especator facilmente se envolve com as personagens. Com frases marcantes e de grande cunho filosófico e emotivo, o texto é a grande sacada do filme.
Um filme doce, sobre amor e sobre o tempo. Coisas que se completam e que funcionam muito bem quando andam juntas.

3 comentários:

  1. Comentários técnicos, às vezes, ou, muitas vezes, são dispensáveis. Você já possui a técnica principal, e infalível: O amor ao cinema.
    Eu quase já vi esse filme, (não sei pq besteira eu desisti de ver), mas agora ele já está na lista da semana. Tá vendo como tua técnica é boa!!!!
    Fui ver "A Origem" semana passada, aguardo tua opinião, caso veja.

    PS: A foto do do perfil do blog tá um charme só!!

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  2. Bicho

    Eu adorei A máquina quando assisti

    Time Paradox Nacional Style

    :*

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  3. Eu adooro esse filme e deu uma vontade danada de vê-lo de novo depois da leitura do seu texto!
    ;**

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