sexta-feira, 3 de setembro de 2010

A Origem



Desde o início do blog eu venho privilegiando os bons filmes que eu havia assistido e que gostaria de compartilhar com vocês, deixando um pouco de lado os filmes que entraram em cartaz, mas por uma boa razão: poucos dos filmes que estrearam no cinema, desde Toy Stoy, me inspiraram a fazer um post. Até assistir A Origem.
Aí o problema foi tempo. Com o começo das aulas na universidade a vida começou a ficar um pouco mais apertada. Porém o filme está entrando em suas últimas semanas em cartaz e merece um post, com mérito.
Não vou fazer uma descrição detalhada do enredo em respeito aos que não tiveram ainda a oportunidade de ver, então vou só fazer uma sinopse da história: Num universo em que foi desenvolvido um meio de se extrair informações secretas do sonhos, Dom Cobb (Leonardo Dicaprio) é o melhor "extrator" que existe. Contudo, Cobb recebe uma proposta tentadora, se fosse capaz de implantar uma ideia na mente do herdeiro de uma supercorporação, receberia em troca a chance de voltar para seu país e voltar a viver com seus filhos. Junto com uma equipe formada pelos melhores especialista em invasão de sonhos, ele segue com seu plano, porém tem que lidar com seu próprio subconsciente que traz a tona a imagem da sua esposa falecida, a qual ele não consegue afastar.
Sei que os que viram o filme vão sentir-se decepcionados com essa minha sinopse, mas de fato, qualquer informação que eu dê a mais tiraria o brilho e o magnetismo que o filme causa em pessoas que não foram preparadas. Como eu. Fui ao cinema sem sequer ler a sinopse, tendo o seu trailer nada informativo como prévia. Não esperava o que vinha pela frente e me deparei com uma história que exigia muita atenção, mas que não era cansativa, que me deixava alerta o tempo todo, querendo entender e mergulhando em sonho após sonho pra então me maravilhar com o que acabara de assistir.
Portanto, eu vou listar inúmeros motivos para assistirem esse filme, sem precisar revelar nenhum detalhe sobre o enredo.
Começando pelo diretor: Christopher Nolan, conhecido por sucessos como Amnésia, O grande truque e os dois últimos Batmans, com destaque para O cavaleiro das trevas. Por seus filmes anteriores, já sabemos que Nolan gosta de dramas psicológicos misturados com muita ação. Mas nesse filme ele se superou a criar uma realidade paralela e contar com suas palavras como ele enxerga o mundo dos sonhos.
O roteiro: como um filme tão longo pode passar tão rápido? Se no mundo dos sonhos 5min podem ser 1h, no cinema, 2h e meia se tornaram apenas alguns minutos de filme, que deixam um anseio por mais.
O elenco: Sou grande fã de Dicaprio e isso nada tem a ver com sua aparência agradável. Mas, desde o início de sua carreira, o ator vem emplacando grandes atuações em personagens cada vez mais complexos (meus favoritos: Gangues de Nova Iorque, Prenda-me se for capaz, Diamante de sangue, O Aviador e Os Infiltrados). E me pergunto se dessa vez a Academia não lhe concederia o seu primeiro Oscar de melhor ator. Nunca se sabe, não tem como prever o que vem por aí no mundo cinematográfico, mas é incrível como o ator conseguiu criar um Dom Cobb totalmente diferente do seu Edward Daniels da Ilha do medo (outro ótimo filme que eu recomendo), ambos viviam em situações que misturavam a realidade com o imaginário, mas ele fez cada um ter identidade e sentimentos próprios.
Outro destaque é Marion Cotillard, que faz a esposa de Cobb. Ela conseguiu fazer uma personagem com tanta paixão e indiferença ao mesmo tempo, que nos confunde por todo o filme sem saber: ela é real ou é uma projeção do subconsciente de Cobb? A atriz desempenhou perfeitamente o papel e rouba a cena em suas esporádicas aparições.
Ellen Page, a famosa Juno, veio com um papel importantíssimo: Ariadne, nome inspirado no mito do minotauro, a arquiteta que projeta os cenários dos sonhos, mas sua importância está principalmente no fato dela ser novata na equipe, portanto, toda vez que alguém explica a ela como funciona os mecanismos do mundo dos sonhos, está explicando para nós, público. Ela é o elo entre as dúvidas do espectador e as suas respostas. Além de trazer um pouco de juventude e leveza para uma história cheia de dramas pessoais.
E, particulamente, Joseph Gordon-Levitt. Adoro o ator, que já havia me chamado a atenção desde 500 dias com ela, mas que nesse filme traz um personagem que é o ponto de equilíbrio de Dicaprio e de Elle Page. O Arthur é sem graça e sem criatividade, e, exatamente por isso, que ele se torna encantador e também rouba a cena as vezes.
Trilha Sonora: O filme tem a típica trilha de suspense, que funciona muito bem em conjunto com todo o clima do filme.
O filme é muito bom e merece ser visto com atenção. Muitas pessoas vão apontar algumas incoerências que existem de fato em várias falas, como as regras de invadir os sonhos que são sempre quebradas, mas aí se encontra a genialidade do filme, pois sonhos não são coerentes e permitem esses pequenos deslizes, Nolan criou um mundo onde sempre estaria certo, pois sempre tudo seria possível. E o final, bem, cabe ao espectador decidir o que quer que seja real ou não. Mais uma vez Nolan estava certo: No sonho do espectador, todos os filmes teriam o final que desejasse.
Eu escolhi o meu final. Vão ao cinema, vejam o filme e escolham o seu.

ps: No meu final, o filme tinha um nome menos brega e mais coerente que "A Origem".
Qual o problema dos caras que escolhem os nomes para os filmes no Brasil??

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

A Máquina



Como sou grande apreciadora do cinema nacional e tenho visto que cada vez mais os brasileiros podem se orgulhar de suas produções não só em qualidade técnica, mas, principalmente, em seus roteiros e atores, decidi falar sobre um filme que tem muito forte esses aspectos: a Máquina.
Assisti a máquina em 2007, por pura sorte, pois só ficou uma semana em cartaz. Uma amiga me passou o filme recetemente, mas ficou esquecido no meu computador, até que essa semana, numa tarde tediosa, resolvi revê-lo. Que bom que o fiz, pois alegrou não só minha tarde, como todo o resto do dia.
Baseado no livro de Adriana Falcão e em peça do próprio diretor, João Falcão, conta a história de Antônio (Gustavo Falcão e Paulo Autran) que se considerava o filho do tempo e nasceu em Nordestina, uma pequena cidade de Pernambuco que, segundo ele mesmo, não conseguia dar conta de sua única finalidade: ser o lugar onde seus habitantes habitavam.
A história é contada por Paulo Autran para alguns internos de um hospital psiquiátrico. Ele começa pelo nascimento de Antônio e pelo porquê dele ser o filho do tempo.
Autran segue narrando a história contando que Antônio é apaixonado por Karina (Mariana Ximenes) porém, quando finalmente consegue ser correspondido, descobre que seu grande amor quer partir de Nordestina e ir para o mundo. Para evitar que ela vá embora, Antônio parte de Nordestina prometendo trazer o mundo para Karina.
Chegando numa cidade grande, Antônio reencontra um dos seus irmãos, conhece o mar e vai a televisão.
Num programa de auditório, promete ao público que vai viajar no tempo e que, caso não cumpra sua promessa, irá morrer atropelado por uma máquina munida de 700 lâminas giratórias. Com essa declaração, o programa bate os recordes de audiência e Antônio volta a Nordestina para cumprí-la.
No dia esperado, a cidade é invadida pela imprensa e pelas pessoas que haviam partido de Nordestina. Antônio prepara a máquina que vai avançar contra ele e Karina implora que ele desista da ideia. Mas ele se mantém firme.
Na praça da cidade, a máquina avança contra Antônio, que viaja 50 anos no tempo e escapa da morte.
Mas quando volta, dá o azar de voltar exatamente no instante em que partiu. Questionado pelos jornalistas sobre sua promessa, conta que viajou no tempo, mas, como não tem provas, é internado como louco e separado de sua Karina.
O Antônio 50 anos mais velho conta aos seus companheiros de internação que descobriu como mudar seu passado: precisa entregar uma prova irrefutável ao Antônio jovem de que viajou ao futuro. Com a ajuda dos loucos, ele consegue fugir do hospital e ir ao encontro do seu eu passado. Quando se encontram, o futuro entrega ao passado uma mala que contém a prova de sua viagem no tempo.
Antônio então volta ao passado, foge da máquina assassina, e quando questionado sobre sua promessa, abre a mala e encontra um bilhete que lhe antecipa alguns fatos, fazendo com que todos acreditassem que ele esteve no futuro e possibilitando a Antônio viver feliz para sempre com sua Karina. Antônio Trouxe o mundo a Karina e Nordestina passa a constar no mapa.
O filme é belíssimo. Por ser uma adaptação de uma peça, é muito teatral, mas de uma forma que prende o espectador. O texto é brilhante, com divagações sobre o amor, sobre o mundo, sobre a terra da gente e especialmente sobre o tempo.
O tempo é um dos protagonistas do filme. Está em todas as cenas, em todas as ações das personagens e tem uma ligação tão íntima com Antônio que torna-se mais uma personagem da trama.
Os atores estão ótimos, mesmo com aquele sotaque nordestino que muitos acusam de falso, mas que, na verdade, é o sotaque do teatro, que exagera para caracterizar a essência das personagens. E funciona. Gustavo Falcão passa toda a emoção de Antônio no olhar e suas palavras soam verdadeiras. Paulo Autran foi o maior ator brasileiro de todos os tempos, e está fantástico entre louco e são, entre contador de histórias e personagem, entre passado e futuro. Mariana Ximenes é inquestionavelmente linda e talentosa, e não é difícil de acreditar que alguém quisesse trazer o mundo pra ela. Além das participações especiais, como Wagner Moura, Lázaro Ramos, Vladimir Brichta e Zéu Brito, que conseguem brilhar mesmo com personagens menores.
Outra característica marcante do filme é a trilha sonora de Robertinho do Recife e Chico Buarque de Holanda (que compôs a até então inédita "porque era ela, porque era eu"), e se encaixa em cada momento tão sutilmente e perfeitamente que emociona em algumas cenas. Além da musicalidade das personagens, destaque para a cena em que a mãe de Karina consola a filha cantando uma cantiga de ninar.
O filme tem uma maneira muito peculiar de contar sua história, e ganha pontos por fazer disso uma coisa tão simples que o especator facilmente se envolve com as personagens. Com frases marcantes e de grande cunho filosófico e emotivo, o texto é a grande sacada do filme.
Um filme doce, sobre amor e sobre o tempo. Coisas que se completam e que funcionam muito bem quando andam juntas.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Clube da Luta



Regras do Clube da Luta:

1ª Não comente sobre o Clube da Luta.
2ª Nunca, jamais, comente sobre o Clube da Luta.
3ª Quando alguém gritar "pára!", sinalizar ou desmaiar, a luta acaba.
4ª Somente duas pessoas por luta.
5ª Uma luta de cada vez.
6ª Sem camisa, sem sapatos.
7ª As lutas duram o tempo que for necessário.
8ª Se for a sua primeira noite no clube da luta, você tem que lutar!


Um filme controverso, que dividiu as opiniões tanto do público quanto da crítica especializada.
O narrador sofre de insônia e lhe é recomendado por um médico que vá a um grupo de apoio para ver que existem problemas maiores que o seu.
Após uma sessão desse grupo, ele percebe que pode ajudar seus problemas para dormir aliviando suas frustrações nos grupos e passa a ser um viciado em grupos de apoio. Mas ao conhecer Marla, que também é uma impostora nesses grupos, sente-se incomodado com sua presença, até que eles resolvem dividir as sessões que cada um vai realizar.
Numa viagem de negócios, conhece Tyler Durden. Quando volta ao seu apartamento, encontra-o destruído por uma explosão, liga para Tyler e vai morar com ele em sua casa caíndo aos pedaços. Numa noite, atrás de um bar, Tyler pede ao narrador que lhe dê um soco e ambos começam um combate. Ambos percebem que isso lhes faz bem e voltam a lutar atrás do bar por diversas vezes até que começam a atrair a atenção de vários espectadores, dando-lhes a ideia de criar o Clube da Luta, que ocorre no subsolo do bar.
O Clube torna-se cada vez maior, atingindo diversas outras cidades e se tornando o "Project Mayhem", uma organização anti-materialista e anti-capitalista, liderada por Tyler.
Mas a organização vai tomando proporções gigantescas, até que um de seus membros morre e o narrador decide que eles têm que por um fim naquilo, mas onde está Tyler?
A partir dessa questão vai se desenrolando o errendo do filme, que não posso contar mais para não tirar a graça dele.

O filme é genial. Os problemas pessoais de cada personagem unidos a uma causa em comum transformam a luta deles numa fuga do mundo exterior que lhes oprime. E conta com grandes atuações de Edward Norton, Brad Pitt e Helena Bonham Carter, que está incrível em sua Marla Singer.
O personagem principal é o narrador, interpretado por Norton, mas ele é o tempo todo ofuscado por um Tyler, Pitt, que é tudo que ele queria ser, mas também é tudo que ele tem medo.
Essa estranha ligação entre esses dois homens, que têm um misto de admiração e temor, é o grande trunfo do filme. Querer entender sua relação é muito difícil, mas a cada minuto nós nos envolvemos com um deles, para logo em seguida odiá-lo, deixando o espectador confuso no seus próprios sentimentos. Além de nos fazer pensar na sociedade materialista em que vivemos e em qual seria a solução para acabar com essa indiferença. Explodir tudo?

Um filme que consegue intimizar os problemas humanos em cada indivíduo e ao mesmo tempo abrangê-los a todos.
Cada um tem suas angústias e medos, mas isso seria um problema gerado pelo sistema excludente e arbitrário que vivemos. A luta não é pela violência em si, mas uma forma dos combatentes expelirem todos os sentimentos que a sociedade reprimiu.
O narrador, criou mais um grupo de apoio sem perceber. A diferença é que, ao invés de trabalhar seus problemas com palavras, encontraram na violência física um meio de libertação.
Não vejo o filme como uma apologia a violência, na verdade, ela é coadjuvante nessa história que é muito mais psicológica do que qualquer outra coisa.
Enfim, um drama psicológico, mascarados com muitos socos, chutes, costelas quebradas e sangue derramado.

Indico a quem tem sangue frio e uma cabeça disposta a perceber as sutilezas que cada fala e personagem nos trazem. Filme surpreendente do começo ao fim.


DICAS DA SEMANA:
O Bem Amado: Ótima ideia para esse ano eleitoral. Garantia de muitas risadas, um longo vocabulário neologístico e uma dose de pensamento na política brasileira.
Insolação/Cinecult: Para os que amam filmes introspectivos com muitas falas marcantes e atuações fortes. Texto confuso, mas profundo. Personagens mais ainda.

ps: O cinema Brasileiro é a melhor pedida para essa semana nos cinemas de Natal.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Em cartaz.



Esse sempre vai ser um espaço para comentar sobre os filmes que estrearam na semana. Mas, como os cinemas estão muito fracos no quesito estreia, vou falar de dois filmes que estão em cartaz: Shrek Para Sempre e Toy Story 3.
Ambos tem muito em comum: são animações de muito sucesso, possuem personagens queridos, tanto pelo público infantil quanto pelo adulto, e são o último episódio de suas sequências.

Toy Story, 1 e 2, marcaram minha infância e foi com relutância que aceitei a ideia de um terceiro filme. Fui ao cinema cheia de preconceitos e saí encantada e com lágrimas nos olhos. Porém, enquanto Toy Story 3 traz uma história com muito humor ( incluíndo um ken metrosexual, um senhor batata esticado e um Buzz en español e apaixonado), mas que emociona o espectador que se sente parte da despedida entre Andy e os seus brinquedos, Shrek para sempre não faz jus ao título. Um filme com personagens ótimos, mas que já tinham feito a sua parte, então caiu no desgaste da piada repetida e da história previsível. Engraçadinho, mas não chega aos pés dos primeiros, esses sim ficarão para sempre na memória.

Enfim, fica a dica de ver os dois filmes. Mas sem criar grandes espectativas. Apenas curtir. Shrek não teve seu melhor filme, mas vale a pena ir ao cinema para ver seus realmente fofos filhotes, o gato gordo e uma dança de ogros comandados pelo flautista mágico. E Toy Story, bem, aí vale a pena ir pra relembrar um pouco do que é ser criança e dos nossos próprios brinquedos.
Saudade.

sábado, 17 de julho de 2010

Mary e Max



Normalmente quando ouvimos a palavra "animação", relacionada a um filme, nosso cérebro automaticamente faz a ligação com filme de criança.
Normalmente nosso cérebro está correto e o que vemos é uma história divertida, com boas lições morais e que, em minha opinião, sempre vale a pena, por trazer leveza e um tanto de fantasia para alegrar o nosso dia.
Normalmente esse tipo de filme, visando alcançar um número maior de pessoas, também contém piadas que as crianças não entendem e conseguem agradar os pequenos pelo encantamento com os desenhos e coisas engraçadas e os maiores com as piadas que, observadas com cuidado, muitas vezes são críticas sociais ou apenas apelam para a sexualidade.
Normalmente esses filmes são para divertir, ensinar algo e deixar os espectadores felizes ao final.
Normalmente.
Mas Mary e Max não é um filme normal.

Sinopse: Mary tem oito anos, vive na Austrália, mora com o pai e com a mãe alcoólatra depressiva. Max tem quarenta e quatro anos, vive em Nova Iorque e sofre de Síndrome de Asperger. Ambos são deslocados, e sentem a necessidade de ter um amigo. Mary resolve escrever uma carta para alguém e escolhe Max, um desconhecido, numa espécie de lista telefônica. Essa primeira carta é o início da amizade, que a princípio seria impossível, entre os dois. Mary escreve a Max falando da sua vida e questionando-o sobre as coisas que ninguém quer explicar a ela e ele encontrou na menina a única pessoa capaz de entendê-lo. E eles prosseguem se correspondendo até a idade adulta de Mary.

A história trata de temas pesados que são complicados até de se contar em filmes com atores. Mas é incrível quanta expressividade é passada por bonecos de massinha (foi todo feito em stop-motion, com ajuda da computação gráfica para finalização).
A narração é um dos seus pontos fortes. Enquanto o narrador conta uma história, nós vemos outra. A ironia deixa tudo mais interessante.
Outro ponto forte são as vozes, por isso aconselho que assistam em inglês.
É um filme que fala sobre os medos e inseguranças humanos e nos faz refletir sobre a sociedade e como agimos e reagimos a ela.
Todas as personagens são muito complexas e tem muita carga emocional. O problema de Max causa angustia e dá vontade de ir lá e dar um abraço nele, mas, se isso fosse possível, ele provavelmente teria uma crise das piores.
Mary começa inocente como a maioria das crianças e é muito divertido acompanhar seu processo de amadurecimento, quase inevitável não lembrar dos nossos próprios questionamentos e descobertas da infância.
A comicidade é muito forte, mas é apenas mais um dos elementos da ironia encontrada em cada fala. O humor serve para encobrir o drama.
E a grande sacada do filme: Mary vê o mundo em tons de marrom e Max o vê em preto e branco. E essa diferença de visual simboliza a diferença das vidas deles e dos mundos deles. Mas em mim criou a expectativa do encontro do marrom com o preto e branco. E não fiquei frustrada.

Não é um filme que traz leveza e fantasia e, definitivamente, não vai alegrar o seu dia. Contanto, traz muitos questionamentos e nos deixa até um pouco frustrados, porém Mary e Max, com toda sua inabilidade em se socializar, terminaram sendo cativantes e nos fazendo torcer por um final feliz, porque é o que normalmente esperamos que acontecesse. E quem dirá que não o é.

Ps.: Quem, ao acabar de assistir, teve vontade de escrever uma carta para um estranho?

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Cinema Paradiso, o filme.



Como o nome do Blog foi escolhido inspirado nesse filme, nada melhor do que minha primeira crítica ser dedicada somente a ele.
Sinopse: Cinema Paradiso (Nuovo Cinema Paradiso, título original) é um filme italiano, feito no final da década de 80. Conta a história de Salvatori di Vita, cineasta bem-sucedido, que um dia recebe a triste notícia de sua mãe: Alfredo morreu. A partir daí a história entra pelas memórias de totó, apelido de salvatori quando criança, da época que fugia para o "Cinema Paradiso" e ia ajudar Alfredo, o projecionista e segue nos mostrando como aquele menino travesso e mal-criado foi crescendo e se apaixonando pelo cinema até tornar-se o que é.
Diretor: Giuseppe Tornatore.

O filme é simplesmente encantador. Qualquer pessoa, que como eu, seja amante do cinema vai ficar fascinada com a história de Totó e Alfredo.
As personagens são muito cativantes: Alfredo, que tenta ser um velho rabugento, mas que é conquistado pelo interesse do menino por sua profissão, mesmo que muitas vezes perca a paciência com as suas traquinagens e Totó, que é uma criança muito ativa, que cria um espantoso interesse pelo funcionamento do cinema e torna-se ajudante de Alfredo.
A medida que Totó vai crescendo o espectador começa a torcer pelos dramas do jovem e tem suas expectativas quebradas por diversas vezes. Até com um amor frustrado.
A história é conduzida com muito humor. Aquele típico humor italiano, exagerado, mas que passa tanta verdade que é inevitável rir com as trapalhadas dessa dupla pouco improvável, mas que se entendem tão bem.
A amizade é o segundo plano do filme, sendo que o primeiro é nitidamente a paixão por cinema, e temos um exemplo de amizade tão puro, que voltou aos cinemas na atualidade em "Up": a amizade entre a criança e o adulto. Sem maldade, sem as atrocidades que vemos todos os dias nas páginas policiais. É incrível a admiração que Totó tem pelo velho projecionista e o afeto que este tem pelo primeiro. Sem nenhum interesse, amizade por amizade. Isso é muito massa.
O elenco é incrível com destaque para o ator mirim que faz Totó, Salvatore Cascio, nome que coincidiu com o da personagem e para Philippe Noiret, o Alfredo. Os dois tem um esntrosamento que ajuda a história fluir.
Destaque também para o próprio Cinema Paradiso, o local é tão vivo quanto qualquer ator em cena e eu criei um afeto especial por ele, acho que a paixão de Totó contagia.

Um filme para rir, para se encantar e para dar vontade de ir ao cinema. Mesmo que não seja o Cinema Paradiso.

Crítica Amadora

Eu amo cinema. Sempre amei. Amo sentar no lugar perfeito (no centro da fileira, nem muito perto, nem muito longe da tela), amo o cheiro da pipoca, amo o escuro que aconchega e amo, principalmente, mergulhar numa história que me acrescente algo e que me proporcione duas horinhas em que esqueço meu mundo e conheço o mundo de outra pessoa.
Então, eu criei o hábito de ver pelo menos um filme por semana no cinema, além dos que sempre vejo em casa. Com isso, virei alvo constante da mesma pergunta: "Tal filme é bom?". Daí surgiu a ideia do Blog, que seria um espaço para eu comentar o que achei dos filmes que estreiaram no cinema, dar dicas de filmes que vi em casa mesmo e, até mesmo, os que marcaram minha vida.
Desde já, deixo claro que não sou profissional da área, ou seja, não sou qualificada para fazer críticas técnicas sobre os filmes. Aqui eu vou expor minhas opiniões pessoais, que nem sempre vão de acordo com a crítica especializada ou com o gosto do público. Gosto do termo "crítica amadora", porque é o que sou. Não só por não ser profissional, mas por realmente amar discutir cinema.
Enfim, espero que também usem o blog como espaço de discussão, sempre respeitosa, sobre os filmes em questão e que possamos trocar ideias e dicas.

E é isso.